Usos e abusos do conceito de “periculosidade” e os direitos humanos de pessoas com deficiência em conflito com a lei penal a partir de um estudo de caso

Vistas: 76

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14419811

Palabras clave:

direitos fundamentais, garantismo penal, funcionalismo penal, poder punitivo, proteção deficiente., inimputabilidade, Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)

Resumen

A partir de estudo de caso único, pretendeu-se avaliar nesta pesquisa como a inefetividade do conjunto normativo assecuratório dos direitos humanos de pessoas com deficiência resultou em violência contra pessoa com essa condição, acusada de ter praticado uma infração penal. Práticas e discursos empreendidos pontualmente pelas instituições jurídicas intervenientes no caso foram analisadas sob a perspectiva analítica da teoria crítica dos direitos humanos referenciada por Joaquín Herrera Flores (2009) e do constitucionalismo multinível. Trata-se de pesquisa exploratória e, quanto à natureza do método, qualitativa. Quanto aos meios empregados, empregou-se além da pesquisa bibliográfica e documental, a técnica de estudo de caso, considerada como recurso promissor a acudir o problema de pesquisa. Ao final, concluiu-se que a audiência de custódia é oportunidade decisiva para conferir efetividade às normas de direitos humanos de pessoas com deficiência em conflito com a lei penal, bem como que a violência resultante da inaplicabilidade normativa decorreu do desempenho das instituições intervenientes, preso à categoria jurídico-penal da “periculosidade”, e a urgência de superar o ideário higienista.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Publication Facts

Metric
This article
Other articles
Peer reviewers 
2.4 promedio

Reviewer profiles  N/D

Author statements

Author statements
This article
Other articles
Data availability 
N/A
16%
External funding 
N/D
32% con financiadores
Competing interests 
N/D
11%
Metric
Para esta revista
Other journals
Articles accepted 
Artículos aceptados: 49%
33% aceptado
Days to publication 
266
145

Indexado: {$indexList}

Editor & editorial board
profiles
Editora: 
Editora Revista dos Tribunais (RT)

Biografía del autor/a

Camila Maués dos Santos Flausino, Universidade Federal do Paraná, UFPR, Brasil

Doutoranda em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Estudos Fronteiriços pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2018). Mestre em Direito e Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo - Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (2020). Defensora Pública do Estado de Mato Grosso do Sul. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8783288408891303

 

Citas

ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA OS REFUGIADOS (ACNUR). Reglas de Brasilia sobre acceso a la justicia de las personas en condición de vulnerabilidad. 2008. Disponível em: https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/BDL/2009/7037.pdf. Acesso em: 14 jul. 2024;

AN-NAAIM, Abdullahi. Interview. Muslims must realize that there is nothing magical about the concept of human rights. In: Noor, Farish A. New Voices of Islam. Isim Paper, 2002, p. 5-13;

ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Tradução de André Duarte. Rio de Janeiro: RelumeDumará, 1994;

AVELÃS NUNES, António José. Neoliberalismo e direitos humanos. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, [S. l.], v. 98, p. 423–462, 2003. Disponível em: https://revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67596. Acesso em: 18 jul. 2024;

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Edições 70: Lisboa, 1977;

NISIIDE, Ana Carolina Becker; BAGATIN, Thiago; BOARINI, Maria Lucia. O imbróglio da periculosidade na manutenção dos manicômios judiciários: as decisões dos desembargadores paranaenses. Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, [S. l.], v. 22, n. 54, 2024. DOI: 10.12957/rep.2024.80310. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaempauta/article/view/80310. Acesso em: 9 jul. 2024;

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n. 487, de 15 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/files/original2015232023022863fe60db44835.pdf. Acesso em: 3 jul. 2024;

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.192, de 9 de dezembro de 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2019/prt3192_10_12_2019.html. Acesso em: 17 jul. 2024;

BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto n. 1.132, de 22 de dezembro de 1903. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1900-1909/decreto-1132-22-dezembro-1903-585004-publicacaooriginal-107902-pl.html. Acesso em: 14 jul. 2024;

BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto-lei n. 4.657 de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657compilado.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n. 213, de 15 de dezembro de 2015. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2234. Acesso em: 3 jul. 2024;

BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 14 jul. 2024;

CAMBI, Eduardo; PORTO, Letícia de Andrade; FOGAÇA, Anderson Ricardo. Constitucionalismo multinível e controle de convencionalidade. Revista dos Tribunais: RT, São Paulo, v. 111, n. 1039, p. 103-126, maio 2022;

______. PORTO, Letícia de Andrade; FACHIN, Melina Girardi. O Supremo Tribunal Federal e a construção do constitucionalismo multinível. Suprema: Revista de estudos constitucionais, Brasília, v. 1, n. 2, p. 113‑150, jul./dez. 2021;

CASTELO BRANCO, Thaynara. A (des)legitimação das medidas de segurança no Brasil. 2 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018;

FACHIN, Melina Girardi; RAMOS, Catarina M. V. O vírus do neoliberalismo: o constitucionalismo multinível como alternativa à crise individualista. Revista Eletrônica de Direito do Centro Universitário Newton Paiva, n.42, p. 100-120, set./dez. 2020. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/151205/virus_neoliberalismo_constitucionalismo_fachin.pdf. Acesso em: 18 jul. 2024;

FASSIN, Didier. Punir: uma paixão contemporânea. Tradução André Bezamat. Âyiné: Belo Horizonte, 2021;

FERNANDES, Victória Mello. Corpos em punição-tratamento: persistências manicomiais em processos de execução de pessoas com transtornos mentais em conflito com a lei. Estudos de Sociologia. Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE. Recife, v. 2, n. 9, p. 22-43, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/revsocio/article/view/259651/46075. Acesso em: 7 jul. 2024;

FERREIRA, Poliana da Silva. O “estudo de caso” como método para compreender a responsabilização jurídica da polícia que mata. In: BRAGA, Ana Gabriela Mendes; IGREJA, Rebecca Lemos; CAPPI, Riccardo (Orgs.). Pesquisar empiricamente o direito II: percursos metodológicos e horizontes de análise. São Paulo: Rede de Estudos Empíricos em Direito, 2022, p. 150-170;

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987;

HERRERA FLORES, Joaquín. Los derechos humanos como productos culturales. Crítica del humanismo abstracto. Madrid: Catarata, 2005;

______. A reinvenção dos direitos humanos. Tradução de Carlos Roberto Diogo Garcia, Antônio Henrique Graciano Suxberger, Jefferson Aparecido Dias. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009;

MATO GROSSO DO SUL. Coordenadoria das Varas de Execução Penal de MS (COVEP) e Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. Provimento n. 222 de 12 de fevereiro de 2020. Disciplina o procedimento para a execução, a avaliação e o acompanhamento das medidas terapêutico-cautelares, provisórias ou definitivas, aplicáveis judicialmente à pessoa com transtorno mental em conflito com a lei, no âmbito da rede de atenção psicossocial, das clínicas, instituições e hospitais psiquiátricos vinculados ou não ao Sistema Único de Saúde (SUS).Disponível em: https://www.tjms.jus.br/legislacao/visualizar.php?lei=34230&original=1. Acesso em: 11 jul. 2024;

MACHADO, Maíra Rocha. O estudo de caso na pesquisa em direito. In: Machado, Maíra Rocha (Org.). Pesquisar empiricamente o direito. São Paulo: Rede de Estudos Empíricos em Direito, 2017, p. 357-389;

MELOSSI, Dario; PAVARINI, Massimo. Cárcere e fábrica - As origens do sistema penitenciário (séculos XVI-XIX). Pensamento Criminológico, v. 11, 2ª ed (1ª reimpressão). Rio de Janeiro: Revan, ICC, 2014;

MIRAS, Antonio Péres. Direitos Estatutários Autônomos no Contexto da Tutela Multinível. Direito Público, [S. l.], v. 17, n. 95, 2020. Disponível em: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/3885. Acesso em: 10 jul. 2024;

NISIIDE, Ana Carolina. C. B.; BAGATIN, Thiago. BOARINI, Maria Lúcia. O imbróglio da periculosidade na manutenção dos manicômios judiciários: as decisões dos desembargadores paranaenses. Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, Rio de Janeiro, v. 21, n. 54, pp. 124-140, jan./abr. 2024. Disponível em: https:/doi.org/10.12957/rep.2024.80310. Acesso em: 15 jul. 2024:

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020;

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração dos Direitos de Pessoas com Deficiência Mental. Resolução n. 2.856, de 20 de dezembro de 1971. Disponível em: https://www.camara.leg.br/Internet/comissao/index/perm/cdh/Tratados_e_Convencoes/Deficientes/declaracao_direitos_deficiente_mental.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Princípios para a Proteção de Pessoas Acometidas de Transtorno Mental e para a Melhoria da Assistência à Saúde Mental. 1991. Disponível em: https://laps.ensp.fiocruz.br/arquivos/documentos/11. Acesso em: 16 jul. 2024;

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. 1966. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção contra a tortura e outro tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. 1984. Disponível em: https://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/tortura/lex221.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. 1985. Disponível em: https://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/a-51.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

________. Corte Interamericana de Direitos Humanos. Ximenes Lopes versus Brasil. Sentencia de 4 de julho de 2006. 2006. Disponível em: https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_149_por.pdf. Acesso em: 17 jul. 2024;

________. Convenção Interamericana de Direitos Humanos. 1969. Disponível em: https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm. Acesso em: 16 jul. 2024;

________. Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Guevara Díaz versus Costa Rica. Sentencia de 22 de junio de 2022. Disponível em: https://jurisprudencia.corteidh.or.cr/vid/corte-idh-caso-guevara-916956402. Acesso em: 21 jul. 2024;

OSLEN, Ana Carolina Lopes; SANTANA, Anna Luisa Walter. Trazendo as empresas para o tabuleiro: diálogos multi-ator para implementação dos standards interamericanos sobre pandemia e direitos humanos. Revista Brasileira de Políticas Públicas. v. 11, n. 2, 2021, p. 825-854. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/7801/pdf#. Acesso em: 18 jul. 2024;

PIOVESAN, Flávia. Prefácio. HERRERA FLORES, Joaquín. A reinvenção dos direitos humanos. Tradução de Carlos Roberto Diogo Garcia, Antônio Henrique Graciano Suxberger, Jefferson Aparecido Dias. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009, p. 13-16;

QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van. Manual de investigação em ciências sociais. Tradução: João Minhoto Marques, Maria Amália Mendes e Maria Carvalho. 4 ed. Gradiva: Lisboa, 2005;

RAJAGOPAL, Balakrishnan. Los derechos humanos y el Tercer Mundo: construyendo el discurso de la resistencia. El derecho internacional desde abajo. International Law Students Association, Washington, 2005;

_____. Counter-hegemonic International Law: Rethinking Human Rights and Development as a Third World strategy. Third World Quarterly, vol. 27, n. 5, p. 767-783, 2006. Disponível em: https://www.aalco.int/rajagopal2007.pdf. Acesso em: 16 jul. 2024;

SAMPAIO, Rafael Cardoso; LYCARIÃO, Diógenes. Análise de conteúdo categorial: manual de aplicação. Brasília: Enap, 2021;

SACCHETIN, Beatriz Ferruzzi. Correlação entre laudos psiquiátricos e sentenças judiciais na determinação de medidas de segurança: dados de São Paulo/SP em 2019. Revista Brasileira de Ciências Criminais , [S. l.], v. 197, n. 197, p. 293–337, 2024. Disponível em: https://publicacoes.ibccrim.org.br/index.php/RBCCRIM/article/view/499. Acesso em: 21 jul. 2024;

SAMPAIO ROSSI, Amélia. Derechos Fundamentales y Derechos Humanos: el estrechamiento de las fronteras conceptuales y la necesidad de un diálogo entre la órbita jurídica interna e internacional. Opinión Jurídica, v. 18, n. 37, p. 209-230, 30 out. 2019. Disponível em: https://revistas.udem.edu.co/index.php/opinion/article/view/2997/2752. Acesso em: 17 jul. 2024;

SANTOS, Paulo Junior Trindade dos. Constitucionalismo pós-moderno e (co)relação com o direito internacional dos direitos humanos. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito (RECHTD). 13(3), p. 390-403, setembro-dezembro 2021. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/RECHTD/article/view/23096/60749051. Acesso em: 18 jul. 2024;

TABORDA, José G. V.; ARBOLEDA-FLÓREZ, Júlio. Ética em psiquiatria forense: atividades pericial e clínica e pesquisa com prisioneiros. Brazilian Journal Psychiatry. v. 28 (suppl. 2), out/2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462006000600007. Acesso em: 15 jul. 2024;

TOMÁS MALLÉN, Beatriz. Derechos fundamentales y drittwirkung en perspectiva multinivel: desarrollos recientes en el derecho europeo. Revista de Derecho Político, [S. l.], n. 115, p. 207–235, 2022. DOI: 10.5944/rdp.115.2022.36335. Disponível em: https://revistas.uned.es/index.php/derechopolitico/article/view/36335. Acesso em: 10 jul. 2024;

WERMUTH, Maiquel Ângelo Dezordi; DE CASTRO, André Giovane. Quando a exceção vira regra: a indiscernibilidade entre autoritarismo e democracia no direito processual penal brasileiro. Revista da Faculdade de Direito da UERJ - RFD, [S. l.], n. 41, p. 1–25, 2022. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/rfduerj/article/view/56969. Acesso em: 18 jul. 2024;

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução Daniel Grassi. 2 ed. Porto Alegre: Bookman 2001.

Publicado

2025-04-14

Cómo citar

Flausino, C. M. dos S. (2025). Usos e abusos do conceito de “periculosidade” e os direitos humanos de pessoas com deficiência em conflito com a lei penal a partir de um estudo de caso. Revista Brasileña De Ciencias Penales, 207(207), 17–55. https://doi.org/10.5281/zenodo.14419811